Moody’s piora perspectiva do rating do brasil | cnn brasil

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A MOODY’S rebaixou nesta sexta-feira (30) a perspectiva da nota de crédito do Brasil de “POSITIVA” PARA “ESTÁVEL”, citando o aumento expressivo dos juros, a rigidez nas despesas e a


dificuldade do governo em reduzir a dívida no curto prazo. A agência manteve o rating em Ba1, um nível abaixo do grau de investimento. Apesar de reconhecer o avanço das metas fiscais e o


potencial de crescimento da economia, a agência apontou que o cenário de endividamento se deteriorou. A Moody’s é uma das principais agências de classificação de risco do mundo, ao lado da


S&P e da Fitch. Ela avalia a capacidade de um país ou empresa de honrar suas dívidas, atribuindo notas que indicam o nível de risco de calote. A classificação de crédito é importante


porque influencia os juros que um país paga para se financiar e a confiança dos investidores. Quanto melhor a nota, menor o risco percebido — e, portanto, menores os custos de empréstimos. O


ministro da Fazenda, Fernando Haddad, vem dizendo que o presidente Lula pediu para que o país voltasse a ter grau de investimento que foi perdido desde 2019. No entanto, já ponderou que é


preciso "mirar nos números certos do Orçamento" para alcançar esse objetivo. Na nota publicada nesta sexta, a Moody’s justificou a mudança de perspectiva para “estável” apontando


um “enfraquecimento pronunciado na capacidade de o Brasil arcar com sua dívida” e uma lentidão maior que a esperada na implementação de medidas para conter o crescimento dos gastos


obrigatórios. Segundo a agência, apesar do cumprimento das metas fiscais primárias, a combinação de juros elevados – atualmente em 14,75% ao ano – e estrutura de dívida sensível à inflação


deve manter o endividamento em trajetória ascendente no curto prazo. “A capacidade do governo de reduzir vulnerabilidades fiscais e estabilizar o peso da dívida continua limitada”, avaliou a


Moody’s, ressaltando que os esforços de consolidação fiscal são comprometidos pelos altos custos de financiamento. A agência estima que o pagamento de juros deve atingir cerca de 21% da


receita já em 2025, contra 15% em 2023. A nota também destaca que a rigidez orçamentária, impulsionada por vinculações legais e benefícios atrelados ao salário mínimo, restringe a margem de


manobra do governo. No entanto, “reformas mais profundas seriam necessárias para aliviar boa parte da rigidez nos gastos e ampliar a capacidade do governo de reagir a choques”. A agência


ponderou ainda que a credibilidade da política fiscal segue frágil, e que os canais de transmissão da política monetária no país não têm sido suficientes para amortecer os efeitos de ciclos


de aperto de juros. Apesar da revisão na perspectiva, a Moody’s manteve a nota de crédito do Brasil em Ba1, refletindo o tamanho e a diversificação da economia, além da resiliência externa,


com elevado volume de reservas internacionais e baixo risco de choques cambiais severos. A agência reconheceu também os avanços institucionais nos últimos anos e o potencial de crescimento


em setores como energia renovável e indústria intensiva em energia, fatores que “continuam dando suporte à qualidade de crédito do país”. Por outro lado, a Moody’s sinalizou que só uma


mobilização política mais ampla — incluindo governo, Congresso e sociedade — poderá destravar as reformas estruturais necessárias. “A construção de consenso em torno de mudanças profundas


nos gastos públicos deve levar tempo”, alertou a agência. A agência indicou que o rating pode ser elevado se houver avanços concretos na redução de vinculações orçamentárias e na


desvinculação de benefícios sociais do salário mínimo, além de reformas que aprimorem a eficácia da política monetária. Por outro lado, uma reversão nos esforços fiscais ou um crescimento


abaixo do esperado poderiam levar a uma nova revisão negativa.