Congresso em Foco

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"Se a esquerda é a perspectiva e o movimento críticos da desigualdade, como afirmou Norberto Bobbio, então ela se torna um dos elementos civilizatórios necessários do nosso tempo",


observa o cientista político Ricardo de João Braga[fotografo]Ricardo Stuckert / Instituto Lula[/fotografo] _RICARDO DE JOÃO BRAGA *_ A alternância no poder democrático dá-se sobretudo pelos


desgastes, contradições e erros dos governos de plantão, os quais se acumulam ao ponto do rompimento. Em que pese o relativo capital de "benfeitor" detido por LULA junto a


diversos segmentos sociais, a realidade brasileira pouco se transformou para muitos outros brasileiros nas últimas décadas, e a derrota da esquerda não caracteriza para esse enorme


contingente uma perda ou retrocesso, mas um voto de confiança na mudança e no futuro, sejam quem forem a mudança e o futuro. Em essência, pode-se afirmar que para muitos cidadãos os governos


de esquerda no Brasil mudaram pouco o país - ou não o mudaram como seu discurso propagandeava - e é sobretudo esse legado que clama por autocrítica. O capitalismo é a um só tempo grande


produtor de riquezas e de desigualdades. Ao passo em que os avanços materiais e tecnológicos saltam aos olhos, sua concentração desigual entre os países e também dentro deles torna o mundo


mais injusto e inseguro. A humanidade mantém-se aquém da posição moral e social mais elevada em que poderia estar. Se a esquerda é a perspectiva e o movimento críticos da desigualdade, como


afirmou Norberto Bobbio, então ela se torna um dos elementos civilizatórios necessários do nosso tempo. Uma esquerda com vitalidade e conectada com a realidade e com sua missão deve compor a


paisagem democrática, juntamente com as forças de centro e de direita. (Pessoalmente eu sou daqueles que acredita no processo democrático, no equilíbrio, e sobretudo na contenção mútua e


profícua entre as ideologias dentro de uma institucionalidade consistente e republicana.) Como uma obrigação com o Brasil e seu futuro, a derrota nas urnas exige assim uma autocrítica da


esquerda: dos partidos, movimentos e cidadãos que se alinham a esta ideia básica de luta pela igualdade. Contudo, infelizmente, as manifestações a que tenho tido acesso pela imprensa mostram


atitudes sobretudo autoindulgentes, refratárias ao desafio intelectual e moral que se coloca tão concretamente¹. Autocrítica não consiste em autoflagelação pública para regozijo dos


adversários, mas análise, diagnóstico e proposição de novas estratégias de ação, capazes de produzir melhores resultados em termos sociais, econômicos, políticos, etc. Uma reflexão racional


não para saciar desejos emocionais de apoiadores ou adversários, mas para governar diferente e melhor no futuro, quando a oportunidade se apresentar. Autocrítica é o respeito pela razão e a


autonomia do eleitor. _¹ QUEM QUISER ADENTRAR NUMA BREVE PAISAGEM JORNALÍSTICA DO CASO, ACESSE: _ _RICARDO CAPPELI. CONGRESSO EM FOCO - LULISMO EM XEQUE: SEQUESTRO OU RESISTÊNCIA?_ _CARLOS


LUNGARZO. CONGRESSO EM FOCO - PT: AUTOCRÍTICA OU CASTIGO?_ _CONGRESSO EM FOCO - ELITE ECONÔMICA ABRIU MÃO DE SEU VERNIZ AO ELEGER BOLSONARO, DIZ HADDAD_ _BLOG DO SAKAMOTO - PARTE DA ESQUERDA


BRASILEIRA ALIMENTA-SE DE NEGACIONISMO ARROGANTE _ _BBC BRASIL - "O PT TEM QUE VISITAR SEUS DEMÔNIOS", AFIRMA EX-MINISTRO DE LULA E DILMA_ _FOLHA DE SÃO PAULO - GOVERNO BOLSONARO


TERÁ BASE SOCIAL E TEMPO PARA GOVERNAR, DIZ DIRCEU_   AMANHÃ (26/12/2018): "BOLSONARO E A REQUALIFICAÇÃO DOS GOVERNOS PASSADOS"   _* PROFESSOR DO MESTRADO PROFISSIONAL EM PODER


LEGISLATIVO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS. ECONOMISTA E DOUTOR EM CIÊNCIA POLÍTICA._   DO MESMO AUTOR: > SERIA MAIS FÁCIL COM VILÕES E HERÓIS - POLARIZAÇÃO, MANIQUEÍSMO E DESALENTO NA PAISAGEM


BRASILEIRA > NADA AUTÊNTICO: BOLSONARO COMO PROPOSTA