Congresso em Foco

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Durante todos os dias de votação na Câmara, o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) monitorou o líder do partido na Câmara, José Borba (PR). Foi um festival de telefonemas. A conspiração


continuou com uma sintonia fina entre Renan, o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, e o presidente do PMDB, deputado Michel Temer (SP).


Temer é o único a assumir que há um movimento articulado para impedir a votação e a aprovação da emenda da reeleição. "Continuo contra a reeleição e defendo uma candidatura própria do PMDB


em 2006", afirmou, referindo-se à corrida ao Planalto.


Na noite de terça-feira (19), horas depois de o presidente da Câmara, João Paulo, tentar um acordo para votação com os líderes dos partidos aliados, Renan e Temer se reuniram no gabinete de


Eunício no ministério para continuar a conspiração contra a reeleição de Sarney e do próprio João Paulo.


Eunício tem razões mais do que pessoais para detestar a idéia da reeleição das mesas do Senado e da Câmara. Ele sonha em se sentar na cadeira de João Paulo em 2005.


O ministro acredita que o Planalto não aceitaria Renan como sucessor de Sarney no próximo ano. Como está cada vez mais difícil aprovar a emenda da reeleição, a presidência do Senado poderia


cair no colo do líder do governo na Casa, Aloizio Mercadante (PT-SP).


Pelo raciocínio de Eunício, com um petista comandando o Senado, a presidência da Câmara acabaria nas mãos do PMDB. Para ser eleito, o presidente da Câmara obrigatoriamente precisaria das


bênçãos do Palácio do Planalto e do PT. O ministro das Comunicações acha que preenche esses requisitos.


Por enquanto, a conspiração da turma de Renan não preocupa o Planalto. Avalia-se que após o segundo turno das eleições municipais, em 31 de outubro, haverá mais calmaria com um presente que


será dado aos deputados: a liberação de recursos para emendas orçamentárias e projetos de investimentos de interesse das bancadas estaduais.


Como o Congresso em Foco antecipou na última semana, esse presente de Papai Noel antecipado atinge a marca de R$ 3,5 bilhões.


Já o deputado João Paulo e o senador Sarney dão como certa a convocação extraordinária do Congresso em janeiro, o que poderia facilitar a votação da emenda da reeleição.


A dificuldade é que a pauta da Câmara está tão atrasada que seria difícil encontrar vaga para a emenda da reeleição no plenário.


A guerra promete continuar. Enquanto Renan promove a obstrução, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, colocará assessores e deputados aliados para buscar nos estados os parlamentares.


A promessa será a mesma: liberação de emendas.


Caso o candidato do PSDB em São Paulo, José Serra, seja eleito prefeito no segundo turno, como indicam as últimas pesquisas, tanto Sarney quanto João Paulo terão novos problemas.


O PSDB mostra-se disposto a criar muito trabalho para o governo no Congresso. Isso é traduzido por novas obstruções e dificuldades para a votação dos projetos de interesse da administração


Lula.