Sete em cada dez crianças aptas não foram vacinadas contra a poliomielite

Sete em cada dez crianças aptas não foram vacinadas contra a poliomielite


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_DE ACORDO COM O MINISTÉRIO DA SAÚDE, POUCO MAIS DE 32% DAS CRIANÇAS ENTRE 0 E 5 ANOS RECEBERAM AO MENOS UMA DOSE DO IMUNIZANTE QUE PREVINE A POLIOMIELITE_ Desde o dia 8 de agosto, o


Ministério da Saúde faz uma campanha de multivacinação de crianças e adolescentes com o objetivo de melhorar os índices de cobertura vacinal no país, que estão em queda desde 2016. O público


alvo da ação são as 11.572.563 crianças 0 a 4 anos e 11 meses e o imunizante aplicado em todas elas é contra a poliomielite.  Todavia, os dados do DataSUS (Departamento de Informática do


Sistema Único de Saúde) mostram que a adesão não é animadora. Na sexta-feira (2), o estado de Roraima informou que investiga um caso suspeito de pólio. Se confirmado, seria o primeiro no


país em mais de 30 anos.  Faltando uma semana para o fim da campanha, que será no dia 9 de setembro, apenas 3.766.643 doses foram aplicadas, o que representa 32,55% dos indivíduos aptos a


serem imunizados. Vale o lembrar que a recomendação desta ação é que 100% da faixa etária mencionada receba a dose da vacina contra a poliomielite.  “A vacinação contra a pólio é uma


campanha indiscriminada e independente da carteira de vacinação. Portanto, todas as crianças devem ser vacinadas”, explica a epidemiologista Carla Domingues, que coordenou o PNI (Programa


Nacional de Imunização) até 2019.  NA DIVISÃO POR IDADE, OS ÍNDICES DE COBERTURA VACINAL SÃO: – Até 1 ano: 939.331 doses aplicadas de 2.730.050 esperadas – 34,41% de cobertura – 2 anos:


905.224 doses aplicadas de 2.954.887 esperadas – 30,63% de cobertura – 3 anos: 950.375 doses aplicadas de 2.969.319 esperadas – 32,01% de cobertura – 4 anos: 971.713 does aplicadas de


2.918.307 esperadas – 33,30% de cobertura As grandes campanhas de vacinação são organizadas para que os órgãos de saúde consigam atualizar a carteiras de vacinação de crianças e


adolescentes. Um imunizante específico é usado como chamariz, mas todos os outros aplicados pelo SUS ficam disponíveis para a população.  “Quando fazemos uma campanha de vacinação, nós


buscamos a atualização das carteiras de vacinação para todas as doenças evitáveis com vacina”, orienta a epidemiologista.  Para a ex-coordenadora do PNI, a atual campanha de vacinação não


conseguirá atingir o objetivo do Ministério da Saúde. “Não acredito que teremos uma campanha bem-sucedida. Se nós sequer conseguimos trazer 80% das crianças aos postos de saúde para olhar a


carteira de vacinação e aplicar a vacina de pólio, como vamos conseguir recuperar as outras vacinas?” Carla Domingues credita a falta de adesão da população a erros de planejamento do


governo federal e dos governos estaduais e municipais.  “Uma campanha eficaz exige a capacitação dos funcionários de saúde. O ministério é o resposável pela distribuição e por campanhas


publicitárias contínuas. Os estados cuidam do planejamento e dos processos de vacinação. E os municípios ficam de olho nos microdados, identificando a população que precisa ser vacinada e


quais são as estratégias apropriadas e diferenciadas para fazer a busca ativa de acordo com a realidade de cada cidade.” Até o dia 9, inclusive neste fim de semana e no feriado da


Independência, na próxima quarta-feira (7), muitos postos de saúde estarão abertos em todo o país para que pais ou responsáveis levem suas crianças para atualizar as carteirinhas de


vacinação e, com isso, evitar a volta de doenças como sarampo, poliomielite, coqueluche e várias outras.  O BRASILEIRO DEIXOU DE ACREDITAR EM VACINAS? O Brasil é reconhecido


internacionalmente como um país modelo quando o assunto é a cobertura vacinal. Para o diretor da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações) e da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria),


Renato Kfouri, a população segue confiando nos imunizantes e isso foi confirmado nos índices da imunização da Covid-19.  “Quando falamos muito de uma doença ou há surtos, as pessoas querem


vacinar. Como aconteceu com a Covid agora, nos surtos de febre amarela e sarampo há três anos. O problema é que passa a onda, passa a epidemia todo mundo deixa de fazer a vacina de maneira


rotineira”, lamenta o pediatra. Ele vê o sucesso das vacinas como uma das causas para a queda dos índices. “Um pano de fundo comum a todos os locais do Brasil é baixa a percepção de risco. O


próprio sucesso que as vacinas fazem, elas eliminam as doenças, e as pessoas já não se sentem ameaçadas. É só ter um caso de meningite na escola de uma família, que todo mundo sai correndo


nos postos para se vacinar. Infelizmente, é a percepção do risco que nos move em direção à prevenção.” A reportagem questionou o Ministério da Saúde sobre ações previstas com objetivo de


estimular a adesão à vacinação nestes últimos dias. Em nota, a pasta disse o seguinte:  _“O ministério monitora atentamente as coberturas vacinais e tem trabalhado para intensificar as


estratégias necessárias para reverter o cenário de baixas coberturas que vem sendo percebida desde 2016, e que durante o período de pandemia esse cenário se agravou. Para reverter esse


cenário, e melhorar as coberturas vacinais no país, o MS está atualmente com a Campanha Nacional de Vacinação contra Pólio e de Multivacinação, com o objetivo de atualizar a caderneta


vacinal de crianças e adolescentes menores de 15 anos, não vacinados ou com esquemas vacinais incompletos, com um foco especial para poliomielite que visa vacinar cerca de 14.3 milhões de


crianças._ _A Pasta recomenda ainda aos estados, municípios e Distrito Federal que realizem a busca ativa para a imunização e reforça a importância da manutenção das ações de vacinação de


rotina. A divulgação de informações sobre a segurança e a efetividade das vacinas como medida de saúde pública também fazem parte de ações realizadas durante todo o ano._ Fonte: R7