Opinião - de grão em grão: agora é o momento da renda fixa privada referenciada ao ipca, diz gestor

Opinião - de grão em grão: agora é o momento da renda fixa privada referenciada ao ipca, diz gestor


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Nesta última quarta-feira, organizamos uma reunião com o CIO da ARX Investimentos, Pierre Jadoul. Nesta reunião, discutimos sobre dois aspectos que têm afligido investidores de renda fixa: o


estresse no mercado de crédito e a escolha entre renda fixa referenciada ao CDI e ao IPCA. O gráfico abaixo apresentado por Jadoul na reunião ilustra o reflexo do estresse de crédito nos


_spreads_ de crédito dos títulos de renda fixa. O _spread_ de crédito é o retorno adicional que títulos de crédito privado remuneram acima do CDI. Este _spread_ de empesas de infraestrutura


é identificado na linha cinza inferior, que subiu no último trimestre ao nível atingido na pandemia de 2020. Ele aponta que essa alta do _spread_ foi causada, principalmente, pela falta de


informação de investidores pessoas físicas. Estes, receosos com notícias de empresas em dificuldade financeira, como Americanas, Light e outras, acabaram pedindo resgates de fundos. Estes


fundos precisam vender os títulos a mercado a qualquer preço, pois têm de pagar os resgates solicitados. Isso promoveu a alta dos _spreads_ e criou uma oportunidade neste mercado de renda


fixa. Como ele descreve, os resgates líquidos já se exauriram e os _spreads_ começam a retroceder. Além disso, dois outros fatores ajudam ao retrocesso dos _spreads_. Primeiro, as empresas


reduziram novas emissões de títulos, portanto, diminuindo a oferta de novos títulos e melhorando o equilíbrio entre a demanda e oferta. Segundo, as tesourarias de bancos, observando a


oportunidade nos altos retornos, começam a comprar. Como ele explica, os bancos aproveitam o fluxo pontual maior de investidores aplicando em CDBs e vendem estes com menores taxas de


retorno. Este mesmo recurso captado pelos bancos, acaba sendo reinvestido nos títulos privados com maior retorno que as pessoas físicas venderam por meio de resgates de fundos. O gestor


aponta que as últimas vezes que houve um momento tão favorável quanto o atual foram em 2016, no estresse causado pelo _impeachment_ da ex-Presidente Dilma e na pandemia, em 2020. Em ambos os


momentos, aqueles que aproveitaram foram recompensados. Jadoul acredita que existe muito prêmio na curva de juros e como ele afirma: "conforme o governo avança na aprovação do


arcabouço fiscal e da reforma tributária, retira incerteza do cenário e isso tende a reduzir pressão sobre as taxas de juros mais longas e contribuir com a decisão do Banco Central em cortar


juros." Portanto, o investidor que aplica em títulos referenciados ao IPCA se beneficiaria com a queda de juros que deve ocorrer no segundo semestre deste ano. Assim, o investidor que


aplica em títulos privados referenciados ao IPCA seria beneficiado com duas fontes de ganhos: a queda dos juros e a queda dos _spreads_ de crédito. Por fim, Jadoul explica estudo da ARX e


ilustrado no gráfico acima. O estudo aponta que investidores que aplicam em títulos públicos federais referenciados ao IPCA e com vencimento menor que cinco anos, medido pelo índice da


Anbima IMAB5, nunca perderam do CDI em janelas de cinco anos desde 2012. Se considerar o prêmio existente nos títulos privados e o patamar atual das taxas de juros essa probabilidade de


sucesso nestes títulos fica ainda maior. Alerto, porém, que títulos privados são ativos de risco. Portanto, é preciso cuidado na seleção e alta pulverização no investimento. Também é


recomendável investir neles por meio de fundos de renda fixa, pois assim, você conta com uma equipe especializada para seleção e acompanhamento dos investimentos. MICHAEL VIRIATO é assessor


de investimentos e sócio fundador da CASA DO INVESTIDOR. Fale direto comigo no e-mail. Siga e curta o De Grão em Grão nas redes sociais. Acompanhe as lições de investimentos no INSTAGRAM e


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