
Opinião - políticas e justiça: inteligência artificial não vem para substituir, mas para potencializar o humano
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A inteligência artificial está no centro de uma avalanche de dúvidas, opiniões e medos. Um estudo realizado pelo Instituto Ipsos em 2024 revelou que 50% das pessoas temem ser substituídas
pela IA nos próximos anos. Por outro lado, uma pesquisa do mesmo ano, essa realizada pela Futuros Possíveis, indicou que 57% acreditam que seus cargos estão seguros. Ao longo da história,
sempre que grandes transformações tecnológicas surgiram, como na Revolução Industrial ou na Era da Digitalização, houve receio sobre o impacto nas funções. O que muda agora é a velocidade
com que tudo está acontecendo. É tudo exponencial, e o tempo que tínhamos para nos adaptar não temos mais. A verdade é que o medo é legítimo, e a IA não segue as regras do jogo, ela cria um
novo tabuleiro, que muda não apenas o cenário tecnológico, mas econômico e social. Neste sentido, precisamos transformar este sentimento em ação. Para começar, trago uma provocação: não é a
IA que vai te substituir, mas alguém que sabe usá-la. Essa frase não é efeito dramático (é o que já está acontecendo). Tarefas que envolvem análise e identificação de padrões, construção de
materiais complexos e até o desenvolvimento de software podem ser drasticamente aceleradas e aprimoradas. Até mesmo tomadas de decisão, que antes eram exclusivas dos humanos, já estão sendo
impactadas pela inteligência artificial. Esse movimento, no entanto, não é apenas técnico, é profundamente cultural. A Gartner aponta que a IA não é apenas uma iniciativa de TI, mas sim do
negócio inteiro. Ou seja, times diversos, com liberdade para testar e errar rápido, são justamente os que mais se beneficiam da adoção da IA, por meio da cultura de liberdade para
experimentação. Ambientes que valorizam a colaboração e a autonomia são os que conseguem tirar o melhor proveito da tecnologia, pois criam espaço para diferentes visões, hipóteses criativas
e soluções não óbvias em um curto espaço de tempo. Neste novo contexto, a própria ideia de liderança se transforma, passando a ser, cada vez mais, sobre orquestrar talentos humanos e
tecnológicos (que sabe conectar pessoas, dados e inteligências, construindo uma cultura colaborativa, fluida e centrada em valor). A tecnologia pode ser capaz de acelerar soluções, mas o
toque humano continua essencial para garantir ética, propósito e qualidade nos resultados, gerando novas oportunidades para modelos de negócio, produtos hiper personalizados e uma
produtividade que escala. O ponto é que a tecnologia não veio para competir com o ser humano, mas para alavancar o nosso potencial. Já existem ferramentas disponíveis para ajudar a entender
como gastamos nosso tempo e identificar oportunidades de melhorar a rotina com IA. Quando bem utilizadas liberam tempo e energia para que possamos focar no que realmente importa: criar,
inovar, resolver problemas complexos e construir relações mais humanas. Além disso, é muito importante reconhecer que a inteligência artificial só ganha valor quando orientada por uma visão
humana (alguém que indique o que precisa ser resolvido, por que e como resolver). É dentro deste contexto que a IA se torna poderosa, e seu impacto depende diretamente da intencionalidade de
quem a opera. O editor, Michael França, pede para que cada participante do espaço "Políticas e Justiça" da Folha de S. Paulo sugira uma música aos leitores. Nesse texto, a
escolhida por Gabriel Albuquerque foi "Believer", de Imagine Dragons.