
Brasil precisa sair de isolamento global para retomar exportações
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As exportações são uma das principais apostas do presidente em exercício Michel Temer para retomar o crescimento econômico. O maior desafio dessa medida é superar o atual isolamento
comercial do país. Se medir a abertura de nossa economia pela participação das importações e exportações no PIB, apenas o Sudão tem a economia mais fechada que a brasileira. Enquanto na
média mundial o comércio exterior representa 48% do PIB, no Brasil esse índice é de 19%. Veja também A concentração de esforços em acordos multilaterais que não foram consolidados, a
preferência comercial pelo Mercosul como forma de integrar a América do Sul e o mau uso de medidas protecionistas são alguns dos fatores que colocam o Brasil como responsável por apenas 1%
do fluxo do comércio internacional. Para Carlos Abijaodi, diretor de Desenvolvimento Industrial da Confederação Nacional da Indústria, rever este isolamento é fundamental para que a
indústria volte a produzir. “A abertura comercial é indispensável nesse momento para a economia brasileira. O mercado doméstico está muito pouco atrativo e muito pouco demandante”, diz. Para
o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil, José Augusto de Castro, a limitação econômica dos parceiros priorizados impediu o avanço do comércio exterior brasileiro. “A opção
pelo Sul-Sul foi errada principalmente pelo valor econômico. A África é responsável por apenas 3% das importações mundiais e a América do Sul corresponde ao mesmo valor. Ou seja,
concentramos nossos esforços em apenas 6% das compras mundiais. O espaço para crescer é muito pequeno”, avalia. Um dos principais impactos desta medida foi a queda na exportação de produtos
industrializados. Em 2003, 54% dos produtos enviados pelo Brasil ao mercado externo eram manufaturados. No primeiro quadrimestre de 2016 este número foi de 35%. O distanciamento na relação
com os Estados Unidos ajuda a explicar esta queda. CEO da Câmara Americana de Comércio no Brasil, Deborah Vieitas lembra que 57% da pauta de exportações brasileiras aos EUA está focada em
produtos semi-industrializados e industrializados, enquanto com a China, por exemplo, 84% da pauta é baseada em commodities. Ela acredita que há espaço para a retomada das negociações entre
os dois países. “Mudanças de governo e no próprio Mercosul apontam que esta deve ser a melhor fase do bloco, mas independente disso o Brasil tem a possibilidade de pedir uma licença
específica e ir para uma negociação bilateral”, analisa. ACORDOS Um fator determinante no isolamento brasileiro do comércio internacional é a falta de acordos. Enquanto grandes pactos, como
o Tratado de Livre Comércio Trans-Pacífico, foram fechados, o Mercosul tenta há 12 anos estabelecer uma parceria com a União Europeia – o que ainda não aconteceu. A alternativa buscada por
muitos países para superar as dificuldades de acordos multilaterais tem sido a opção por negociações bilaterais. O Brasil, entretanto, impedido por uma cláusula do Mercosul de negociar novas
parcerias sem a participação dos países do bloco, segue sem avançar neste sentido. Um estudo realizado pelo Centro de Estudos do Comércio Global, da FGV, a pedido da Amcham, diz que um
“passo necessário” nas relações internacionais do Brasil é buscar renegociar esta decisão.