
Falta de regras trava comércio com argentina
- Select a language for the TTS:
- Brazilian Portuguese Female
- Brazilian Portuguese Male
- Portuguese Female
- Portuguese Male
- Language selected: (auto detect) - PT
Play all audios:

O governo brasileiro avisou a Argentina que uma das condições para encerrar o conflito das barreiras comerciais, com a rápida liberação de carros retidos na fronteira, é a adoção de regras
claras. Mais do que a aplicação ou não de licenças automáticas para importação, o Brasil afirmou que não aceitará um comércio bilateral marcado por "imprevisibilidades", relataram
à reportagem dois negociadores brasileiros. O exemplo foi ilustrado por uma lista que o governo brasileiro apresentou em reunião ocorrida em Buenos Aires, nesta semana. Os brasileiros
mostraram aos pares argentinos uma série de produtos (como eletrodomésticos da linha branca e máquinas agrícolas) travados há um ano e três meses. O governo Dilma considerou essa postura
inadmissível. Esse cenário fere o tratado da Organização Mundial do Comércio (OMC), que estipula prazo máximo de dois meses para a concessão de licenças de importação. Segundo uma autoridade
brasileira, acabou a "paciência estratégica" característica do governo Lula. Se as normas continuarem a ser desrespeitadas, o Brasil usará barreiras como medida de força
recíproca. CONTROLE MANUAL Fontes do Ministério da Indústria argentino argumentam que o atraso na liberação das licenças ocorre por mudanças no sistema de controle comercial, que não é
informatizado. Cada licença precisa ser assinada, enquanto no Brasil esse trâmite é digitalizado. Outra diferença é a autorização para a circulação dos produtos. Quando um eletrodoméstico
argentino, por exemplo, recebe autorização para entrar no Brasil, ele já está livre para ser comercializado. No país vizinho também é necessário um certificado de circulação. Segundo a
Câmara de Importadores da República Argentina (Cira), esse é o problema de vários produtos brasileiros retidos desde fevereiro. "A demora não é má vontade dos argentinos. Eles estão
informatizando o sistema, estão tentando melhorar", disse Alessandro Teixeira, secretário-executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, após o encontro
bilateral da última terça. Não houve acordo na reunião que tentou encerrar a crise comercial. A decisão do governo Dilma de dificultar a importação de carros afeta a indústria
automobilística da Argentina, um dos pilares de sua economia. As negociações prosseguem na próxima semana. Mas a tática do país vizinho é vencer pelo cansaço. Para a indústria automotiva do
país, o Brasil não pode sustentar as barreiras por muito tempo, já que os carros argentinos são fabricados com autopeças brasileiras.