Os nomes que as ditaduras usam para se passar por democracias

Os nomes que as ditaduras usam para se passar por democracias


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Um relatório anual produzido pelo instituto sueco V-Dem, associado à Universidade de Gotemburgo, apontou que atualmente existem mais ditaduras do que democracias no mundo. Aproximadamente 33


governos se enquadram no que a pesquisa classifica como autocracias, enquanto 32 respeitam a divisão de poderes e a liberdade de imprensa, dois “termômetros” que medem a qualidade de uma


sociedade livre, segundo o estudo. No meio disso, existem alguns países que carregam o nome da “democracia” em sua bandeira, mas estão longe de representar o povo, como a definição original


da palavra defende — do grego demokracia (demo = povo; kracia = governo). Em uma entrevista à revista _Veja_, o historiador Daniel Aarão Reis disse que a mistura de conceitos começou no


século XX com o ditador Lenin, principal líder da Revolução Russa de 1917, que buscava “subverter a ordem das elites sociais e das classes médias para criar um apetite revolucionário”.


Contudo, com a derrubada do Czar Nicolau II e a tomada do poder pelos comunistas, o discurso “democrático” não se mostrou confiável, visto que os governantes autoritários permaneceram sem


conceder direitos de participação popular aos seus cidadãos. Em pleno século XXI, alguns países regidos por lideranças autoritárias continuam a carregar uma ideia de democracia que não é


exercida em suas nações. Veja exemplos: COREIA DO NORTE A ditadura norte-coreana, liderada por Kim Jong-Un, recebe o nome oficial de República Popular Democrática da Coreia. Apesar do


título, o país vive sob um regime totalitário, marcado pela pobreza e repressão estatal. A Coreia do Norte é classificada como um dos países mais pobres do mundo. Estimativas recentes da CIA


World Factbook projetam que o Produto Interno Bruto (PIB) per capita do país seja de cerca de US$ 1.700 (R$ 8,2 mil). O do Brasil, para efeito de comparação, é de US$ 14.600 (R$ 70 mil na


cotação atual). O país, representado por um líder supremo, tem sua diplomacia fechada a poucos aliados, entre eles a Rússia, de Vladimir Putin, e a China, do ditador Xi Jinping. De acordo


com a ONU, aproximadamente 40% da população norte-coreana sofre com a má nutrição e dois terços dos norte-coreanos vivem à base dos alimentos distribuídos pelo Estado. REPÚBLICA DEMOCRÁTICA


DO CONGO O Congo é o segundo maior país da África e é também considerado um dos mais pobres do mundo. Em 2003, a nação africana enfrentou uma guerra civil e até hoje sofre os impactos dos


confrontos entre diferentes etnias e disputas por recursos naturais. Segundo a ONU, com mais de 5 milhões de deslocados, o país está no nível mais alto de emergência em termos de ajuda


humanitária. REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DA ETIÓPIA Outro extenso país da África, que está longe de ser uma democracia, mas leva o seu título, é a Etiópia. Depois da Nigéria, é o país com a maior


população do continente africano, com mais de 120 milhões de habitantes. De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), o país pode se tornar a terceira maior economia da África


sub-sahariana, porém a nação enfrenta graves problemas devido a crises políticas, problemas climáticos naturais e um conflito armado de dois anos no Tigré, no norte do país. REPÚBLICA


POPULAR DA CHINA   A China não tem a democracia em seu nome oficial, no entanto a tentativa de mostrar participação popular está em sua Constituição, no artigo 1º, que cita o país como uma


“ditadura democrática do Povo”. “A República Popular da China é um Estado socialista sob a ditadura democrática do povo, liderada pela classe trabalhadora e baseada na aliança entre


operários e camponeses”, diz o texto. Apesar de ser uma das grandes potências econômicas do mundo, o governo de Xi Jinping é reconhecidamente autoritário, com inúmeros episódios de


perseguição religiosa e desaparecimentos de autoridades. OUTROS PAÍSES   Além destes, outros países que se apresentaram como democráticos, mas não estão nas principais listas que medem as


democracias no mundo, como o Ranking de Democracia da revista britânica _The Economist _e o relatório anual produzido pelo instituto sueco V-Dem, estão na África e na Ásia. São eles o Laos,


Nepal, São Tomé e Príncipe, Sri Lanka e Timor-Leste. Todos possuem em comum obstáculos em relação à economia, além de uma série de problemas políticos e sociais. VEJA TAMBÉM: