Presidente do quirguistão recusa deixar cargo

Presidente do quirguistão recusa deixar cargo


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O presidente do Quirguistão, Kurmanbek Bakiyev, afirmou ontem que não admite a derrota e que não vai deixar o cargo, apesar da sangrenta revolta e da formação de um governo interino pela


oposição. Na noite de ontem, fo­­ram ouvidos tiroteios na capital quirguiz, Bishkek. A resistência de Bakiyev, que fugiu da capital Bishkek, no norte, para o sul do país, eleva a perspectiva


de continuidade da instabilidade neste país da Ásia Central que abriga tanto uma base aérea norte-americana, importante pa­­ra a guerra no Afeganistão, quanto instalações militares russas.


Testemunhas no sul quirguiz disseram que existem milícias armadas que parecem ainda apoiar Bakiyev, mas também existem grupos armados que apoiam a oposição que tomou o poder na capital. Os


protestos na ex-república soviética tiveram início na quarta-feira, quando manifestantes invadiram prédios do governo em Bishkek e a polícia respondeu com tiros, deixando dezenas de mortos e


centenas de feridos. "Eu não admito a derrota de forma alguma", disse Bakiyev à rádio Ekho Moskvy, mas também reconheceu que "embora eu seja presidente, não tenho o controle


real do poder". A oposição tomou o controle das Forças Armadas. Além disso, a líder interina Roza Otunbayeva prometeu eleições presidenciais no país em um prazo de seis me­­ses. "O


governo interino está no comando. Essa composição do sistema político funcionará du­­rante seis meses, durante os quais uma nova Constituição se­­rá es­­crita e eleições presidenciais


or­­ganizadas, de acordo com todas as normas democráticas", afirmou Roza. O general Ismail Isakov, nomeado ontem ministro da Defesa por Roza, disse que falou com os líderes militares e


eles prometeram obediência ao novo governo. "O Exército está inteiramente do nosso lado", notou ele. Militares norte-americanos informaram que o governo interino suspendeu os voos


na base aé­­rea de Manas. Atualmente estão na base, arrendada pelo governo quirguiz aos EUA, 1.100 soldados norte-americanos, bem como con­­­­tingentes franceses e espanhóis, que apoiam


operações no Afe­­ganistão.