O risco para o chavismo

O risco para o chavismo


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O que vai acontecer na Venezuela agora? Esta é a pergunta que mais vem sendo feita por aqueles que estão acompanhando o caso do presidente do país, Hugo Chávez, que está internado em um


hospital de Cuba após se submeter à quarta cirurgia contra um câncer, em 18 meses. Ele não é visto nem ouvido em público há algum tempo, o que motiva especulações de que estaria à beira da


morte. A verdade é que existem algumas hipóteses. Em seus quase 14 anos de mandatos consecutivos, Chávez esteve sempre envolvido em questões polêmicas e é odiado por muitos e amado por


alguns. Muitas destas questões envolviam esferas internacionais, como a postura contra os Estados Unidos, a nacionalização de empresas estrangeiras e suposto apoio às Farc, entre tantos


outros. Mas ele é mais conhecido pelo seu posicionamento político baseado na relação direta com o povo, com uma ideologia criada em torno de si mesmo: o "chavismo". O que podemos


pensar de início, e de forma bem superficial é que, como foi construída essa caracterização política em torno de Chávez, e também devido às inúmeras reeleições à presidência venezuelana, não


se pensou em um sucessor que cultivasse os mesmos ideais. Agora, diante de seu estado de saúde após ser eleito novamente presidente – o que inclusive prejudicou que a cerimônia de posse


pudesse ser realizada –, muitos se questionam sobre o futuro do país. Algumas fontes anônimas afirmaram que o Brasil está enviando mensagens ao governo venezuelano sobre a necessidade de


realizar nova eleição o mais rapidamente possível, caso o presidente Hugo Chávez morra. Posição defendida também pela oposição venezuelana. Nos casos extremos de afastamento ou falecimento


(até os quatro primeiros anos de mandato), a legislação venezuelana prevê que seja convocada obrigatoriamente nova eleição no prazo máximo de 30 dias. Mas isso certamente trará incertezas


sobre a continuidade do "chavismo". Isso porque a população poderia ver na ausência de Chávez uma falha na ideologia criada por ele, uma vez que é sabido que os venezuelanos também


estão gradativamente se descontentando com as promessas do governo do atual presidente. A ausência do carisma de Chávez na condução da política interna pode mudar os rumos da Venezuela. Por


isso há tanta atenção internacional a essa situação peculiar. Enquanto isso, uma dúvida irá permanecer: os futuros acontecimentos na política venezuelana irão corroborar para a manutenção


do que já vinha ocorrendo no país ou vão colaborar para o início de uma nova plataforma de governo? É exatamente neste ponto que os temores de toda a comunidade internacional, principalmente


a América Latina, estão fixados. Infelizmente, só podemos aguardar. _Ludmila Andrzejewski Culpi, mestre em Ciência Política, é professora do Centro Universitário Uninter._