
Os pequenos pedem socorro
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Um em cada cem bebês que nascem vivos no Brasil apresenta cardiopatia congênita. Em uma escala de mil crianças, nove manifestam o problema. Deste total, apenas 38% chegam a receber
tratamento adequado. O restante morre antes de completar o primeiro ano de vida, segundo dados do Ministério da Saúde. O órgão estima que 25% dos casos de cardiopatia sejam graves. O
diagnóstico durante o pré-natal, de preferência até a 25.ª semana da gestação, pode fazer a diferença nestas estatísticas. A medida é essencial para garantir acompanhamento adequado e
preparação para receber o bebê, orienta a presidente do Departamento de Cardiopatia Congênita e Cardiologia Pediátrica, da Sociedade Brasileira de Cardiopatia (SBG), Isabel Cristina Brito
Guimarães. "O ideal é que, com o diagnóstico precoce, a grávida possa ter o bebê em um serviço de saúde que ofereça estrutura para o tratamento, no qual a criança possa ser avaliada
pelo cardiologista após o parto e levada para internação, cateterismo cardíaco ou cirurgia, se preciso", diz. Com intervenções logo nos primeiros dias de vida nos casos mais graves, a
chance de sobrevivência aumenta e as crianças podem levar uma vida normal. "Hoje, por mais grave que seja a cardiopatia, a medicina ainda tem algo a oferecer, seja com uma cirurgia
paliativa, preparatória ou com possibilidade de cura", assinala a cardiologista Rosângela Belbuche Fitaroni, do Hospital Beneficência Portuguesa, de São Paulo. De acordo com a
representante da SBC, cardiopatias congênitas podem ser detectadas ainda no ultrassom morfológico feito pela gestante. Quando anomalias são observadas pelo obstetra, como, por exemplo,
alteração no ritmo cardíaco do bebê, é feita a indicação para o ecocardiograma fetal. O exame vai fazer uma espécie de ultrassom do coração do bebê ainda na barriga da mãe. "É
importante que os profissionais estejam treinados para rastrear anormalidades e encaminhar o caso para um especialista", pontua Isabel, ao ressaltar que a cardiopatia congênita
representa a principal má formação do feto no país. "De cada dez crianças com o problema, duas vão precisar de cirurgia após o nascimento", destaca. A médica aponta que as causas
para a incidência de cardiopatia congênita costumam ser aleatórias, mas problemas de saúde da mãe, como diabetes e lúpus, podem aumentar as chances da má formação. TESTE DO CORAÇÃO Rosângela
reforça que as maternidades precisam estar preparadas para oferecer o "teste do coraçãozinho". A prática, obrigatória no Sistema Único de Saúde (SUS), ajuda a evitar que os
pequenos recebam alta sem o diagnóstico. Segundo ela, é comum que a criança portadora de uma patologia cardíaca grave passe mal após a liberação e entre em óbito em casa. O bebê pode até
nascer em boas condições, mas apresentar, horas depois, sinais como taquipneia, sopro cardíaco e cianose. Em outras situações, a família pode enfrentar dificuldade para internação em UTI na
rede pública após a alta. "O teste do coração é crucial para detectarmos casos mais graves. Se o diagnóstico não foi feito com o ecocardiograma fetal, ainda se tem chance de fazer algo
para a criança não morrer antes do primeiro mês de vida", alerta a cardiologista. CARTILHA A Associação de Assistência à Criança Cardiopata Pequenos Corações lançou recentemente uma
cartilha sobre cardiopatia congênita. Intitulado Cardiopatia Congênita - de mãe para mãe, o material define o problema, descreve sintomas, indica os principais exames para diagnóstico e
lista cuidados que devem ser tomados com a criança portadora. A cartilha que conta com aval de especialistas será distribuída em postos de saúde dos municípios atendidos pelos núcleos da
Pequenos Corações e às famílias de crianças cardiopatas. Mais informações podem ser obtidas no site da organização, o www.pequenoscoracoes.com.