Celam discutirá aproximação com fiéis

Celam discutirá aproximação com fiéis


Play all audios:


Curitiba – O Papa Bento XVI fará hoje a abertura solene da 5.ª Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe (Celam). Um evento esperado por inúmeros católicos e que até hoje


teve apenas quatro edições Rio de Janeiro – 1955, Medellín (Colômbia) – 1968, Puebla (México) – 1979 e São Domingos (República Dominicana) – 1992. A idéia de realizar a quinta conferência


surgiu durante a 28.º Assembléia Ordinária do Celam em 2001, quando presidentes e delegados fizeram a sugestão ao então Papa João Paulo II. A proposta foi aceita. Ao iniciar o seu


pontificado, Bento XVI deu apoio total a realização da reunião. O momento parece ser propício, já que nas conferências gerais bispos se reúnem para discutir a atuação da Igreja na região e


apontam problemas comuns. Ao fim da reunião, os bispos definem, em um documento de comum acordo, as soluções e linhas da ações pastoral. Para o secretário executivo da Conferência Nacional


dos Bispos do Brasil (CNBB) no Paraná, padre Carlos Alberto Chiquim, um tema que será bastante discutido durante a conferência será a forma como a Igreja atua com seus fiéis. "A Igreja


pode trabalhar melhor seus padres, ser mais humana, acolhedora e dinâmica. A Igreja precisa estar aberta o dia todo e não só no horário de missa, por exemplo." Nesse sentido, o


fortalecimento da Igreja Católica na América Latina e seus laços com os jovens estará em pauta, assim como a pobreza e a exclusão social na região, que já havia sido bastante discutida em


Puebla, comenta o padre Chiquim. "O documento final do Celam é um marco porque orienta a caminhada da Igreja na América Latina. Dioceses da região já estavam estudando as temáticas que


serão discutidas no Celam há um ano." A Igreja se vê diante de uma nova realidade, com a perda de fiéis, mas ao mesmo tempo com aumento da participação dos católicos nas atividades


religiosas no Brasil, por exemplo, comenta o padre Luís Correa Lima, professor da PUCRJ. As perspectivas são boas para a 5.ª Conferência, diz. "O discurso do Papa hoje na abertura do


evento será o guia para a reunião. Há maior expectativa de que os bispos tenham mais liberdade para discutir vários temas – o que não ocorreu na edição de São Domingos, que foi


cerceada." O tema da renovação missionária deve fazer parte das discussões durante a Celam, estima Mário Sanches, diretor do curso de Teologia da Pontifícia Universidade Católica do


Paraná (PUCPR). "A Igreja precisa de um vigor missionário, conservar seus fiéis e discutir como se relaciona com a sociedade. O importante não é o número de fiéis, mas sim como se dá a


presença da Igreja na região." É difícil prever o que irá marcar a 5.ª Conferência, comenta o especialista. "Em São Domingos, por exemplo, a evangelização por meio da cultura foi a


mensagem principal do documento final do encontro." Ou seja, a Igreja precisa imprimir a sua marca na região. No caso do Brasil onde existem vários casos de corrupção, a Igreja, ao


condenar essa prática, precisa reafirmar aos fiéis os valores morais que defende, diz Sanches.