Stf recebe ação para legalização total do aborto até 12 semanas

Stf recebe ação para legalização total do aborto até 12 semanas


Play all audios:


Uma ação que pretende legalizar amplamente o aborto foi protocolada no Supremo Tribunal Federal (STF) na última segunda-feira (6). De autoria do PSOL, com assessoria do instituto de bioética


Anis, a Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) solicita que os artigos do Código Penal que tratam o aborto como crime sejam considerados inconstitucionais. De acordo com a


proposta, seria lícito cometer aborto até 12 semanas de gestação independentemente das circunstâncias. A legislação brasileira atual permite o aborto apenas em três situações específicas:


risco de morte para a mãe; em gestação resultante de um estupro; ou se o feto é anencéfalo (sem cérebro). Fora dessas circunstâncias, o artigo 124 do Código Penal prevê pena de um a seis


anos para quem faz aborto em si mesma ou permite que os outros façam. E o artigo 126 prevê pena de um a quatro anos àqueles que provocam o aborto em uma gestante. Na ação, o PSOL solicita


que esses artigos tenham a não recepção parcial declarada, o que significaria que esses tópicos do Código Penal – que é 1940 – sejam considerados em desacordo com a Constituição Federal –


promulgada em 1988 –, e, portanto, não deveriam ser aplicados. A ADPF foi apresentada com pedido de medida cautelar e traz como argumento a violação de direitos constitucionais: “indicando


como preceitos violados os princípios fundamentais da dignidade da pessoa humana, da cidadania e da não discriminação, bem como os direitos fundamentais à inviolabilidade da vida, à


liberdade, à igualdade, à proibição de tortura ou tratamento desumano ou degradante, à saúde e ao planejamento familiar, todos da Constituição Federal”. A ação ainda não tem data para ser


julgada e o ministro relator do caso deve ser definido por sorteio. OUTRAS AÇÕES Em novembro de 2016, a 1ª Turma do STF julgou um habeas corpus para médicos e funcionários de uma clínica


acusados do crime de aborto e, além de concederem a liberdade a eles, os ministros manifestaram o entendimento de que o aborto até o terceiro mês de gestação não seria crime. A


descriminalização do aborto em caso de zika vírus também aguarda o posicionamento do Supremo. Em dezembro do ano passado, a Ação Direta de Inconstitucionalidade 5581 chegou a entrar na pauta


do plenário mas não foi julgada ou debatida pelos ministros.