Os mercados andam esquizofrénicos e a europa também

Os mercados andam esquizofrénicos e a europa também


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Ede repente alguém parou e decidiu perguntar à população o que ela acha de tudo isto. Os mercados caíram a pique, os líderes europeus desataram em contactos e críticas e se há dias afirmavam


ter tomado grandes decisões agora ninguém sabe o que vai fazer ou acontecer. Sun Tzu, na “Arte da Guerra”, ensinou que… Ede repente alguém parou e decidiu perguntar à população o que ela


acha de tudo isto. Os mercados caíram a pique, os líderes europeus desataram em contactos e críticas e se há dias afirmavam ter tomado grandes decisões agora ninguém sabe o que vai fazer ou


acontecer. Sun Tzu, na “Arte da Guerra”, ensinou que nunca se deve deixar um inimigo sem saída porque ele aí lutará com a força de dez homens. Agora Papandreou, odiado por todos e sem outra


opção a não ser a austeridade, dá razão a este ensinamento. Se todos criticam, então que todos se pronunciem. Ameaçar com o caos para ganhar peso?“O referendo vai reforçar o país na zona


euro e no plano internacional”, comentou o primeiro-ministro grego ontem, segundo a AFP, depois de uma conversa com Merkel. “É algo que traz um grande nervosismo, que traz mais insegurança


num assunto já muito incerto e, logo, temos de ver calmamente como lidamos com isto”, disse Jean-Claude Juncker, líder do Eurogrupo. Depois de os relatos iniciais do dia darem conta de


fortes irritações e desilusões no seio das equipas de Angela Merkel e Nicolas Sarkozy por causa da decisão do governo grego, à tarde, depois de uma conversa telefónica entre Paris e Berlim,


ambos moderaram o discurso. Em comunicado conjunto, os líderes de França e Berlim salientaram que o acordo para a redução da dívida grega “é hoje mais importante do que nunca”. Recado quase


idêntico ao de Durão Barroso e Van Rompuy: “Tomamos nota da intenção das autoridades gregas de realizar um referendo. Estamos convencidos que o acordo é o melhor para a Grécia”, avançaram.


Menos calmos estiveram os governantes italianos, entre os quais o presidente, Giorgio Napolitano, veio lembrar que “há vários representantes da oposição disponíveis para assumir as


responsabilidades” de Berlusconi “em caso de um agravamento da crise” – leia-se, caso as novas medidas a tomar não surtam efeito. Também com os nervos à flor da pele estiveram os mercados:


os juros exigidos aos periféricos no mercado secundário dispararam – com a Grécia a chegar aos 82%, as obrigações portuguesas a tocarem nos 19% e a dívida italiana a subir para 6,2%.


Aagência de rating Fitch comentou de imediato que o referendo grego “aumenta o risco de um incumprimento forçado” do país, abrindo a porta à saída de Atenas do euro, com consequências


“sérias para a estabilidade e a viabilidade da zona euro”. Acto contínuo, as cotações dos bancos mundiais caíram a pique – em Portugal o BCP caiu 13,55% e o BPI e o BES perto de 10%,


arrastando o PSI20 para uma queda de 3,6%. O anúncio do referendo é especialmente penalizador para a banca porque, caso resulte num “Não”, há uma forte possibilidade de o perdão de parte da


dívida grega se transformar num incumprimento descontrolado, que prejudicará os bancos detentores de dívida grega.