
Carlos carreiras. “causa-me desconforto o afastamento de marcelo do psd”
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Carlos Carreiras defendeu, há mais de dois anos, a candidatura de Marcelo a Belém, mas gostava que fosse possível um maior envolvimento do PSD nesta campanha Carlos Carreiras foi dos
primeiros sociais-democratas a defenderem a candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa à Presidência da República, mas não se revê na decisão do candidato de dispensar a presença do PSD na
campanha. O vice-presidente do partido diz que Marcelo é o candidato com mais “experiência” e mais “capacidade” para exercer o cargo. ESTÁ A SER UMA BOA CAMPANHA PRESIDENCIAL? A campanha tem
sido pobre porque só há um candidato a Presidente da República. Depois existe um conjunto de candidatos que são contra esse candidato. Isso faz com que não exista um debate sobre as funções
do Presidente. Esses candidatos estão a apresentar-se numa lógica partidária ou até de fação e isso tem empobrecido bastante a campanha. SAMPAIO DA NÓVOA E MARIA DE BELÉM APARECEM NUMA
LÓGICA DE FAÇÃO? São candidatos que seguem uma lógica partidária. Dos dez candidatos que oficializaram a candidatura, cinco são oriundos do PS e, desses cinco, dois são basicamente as duas
grandes fações que existem dentro do PS. Portanto, há ali uma desforra das eleições primárias. E ISSO ESTÁ A DESVIRTUAR ESTA CAMPANHA? Está, porque em vez de se afirmarem como candidatos
presidenciais, estão mais na defesa das posições internas que representam dentro do PS. Os outros candidatos, do PCP e do BE, o que apresentam é para destruir e não para construir, seguindo
a lógica com que estes partidos têm vindo a afirmar-se a nível da política nacional. MARCELO REBELO DE SOUSA TEM O APOIO DO PSD E DO CDS, MAS CADA VEZ EXISTE MAIS A SENSAÇÃO DE QUE ELE NÃO
QUER O PARTIDO NESTA CAMPANHA. COMO VÊ A POSTURA DE MARCELO EM RELAÇÃO AO PSD? Nunca escondi o meu apoio ao prof. Marcelo Rebelo de Sousa, muito tempo antes de ele ser dado como possível
candidato, e confesso-lhe que eu próprio não me tenho revisto na totalidade das posições do prof. Marcelo, nomeadamente aquelas sobre o PSD. Mas sei e consigo descortinar que um candidato a
Presidente da República não tem de seguir completamente a estratégia dos partidos que o apoiam. O meu desconforto enquanto militante social-democrata não implica que eu não tenha a
capacidade de vislumbrar que não podemos colocar apenas a perspetiva partidária numa candidatura que é presidencial. O QUE LHE CAUSA ESSE DESCONFORTO? Algum desse afastamento que o prof.
Marcelo tem colocado na campanha. Enquanto social–democrata, gostaria de ter um envolvimento mais próximo do próprio PSD, mas isso não implica que eu próprio não consiga perceber que a
função do Presidente da República não é uma função partidária. Ao contrário da coligação que governa Portugal, que vê na função presidencial um instrumento para defender as suas posições
partidárias. NÃO SERÁ DIFÍCIL A RELAÇÃO ENTRE UM PRESIDENTE DE DIREITA E UM GOVERNO DE ESQUERDA? Não. Se tivesse de posicionar o prof. Marcelo Rebelo de Sousa, posicionava-o claramente no
centro-esquerda. Penso que, hoje em dia, o que faz a divisão já não passa por esses rótulos antigos de esquerda e de direita. Passa mais por outras análises do que propriamente por uma visão
tão retrógrada. Mas penso que Marcelo Rebelo de Sousa é o português que neste momento tem maior experiência, maior formação e maior capacidade de estabelecer relações com todos os
quadrantes da vida social, cívica, sindical e partidária do país para exercer o cargo. ELE DIZ QUE VAI AJUDAR O GOVERNO A DURAR QUATRO ANOS. NÃO TEM RECEIO DE APOIAR UM CANDIDATO QUE VAI
ESTAR AO LADO DESTA SOLUÇÃO DE ESQUERDA QUE TANTO CONTESTOU? Do lado do PSD, o que nós queremos é que o atual governo governe e governe bem. O que pensamos é que a política deste governo é
perigosa para Portugal, mas é preciso perceber se somos nós que estamos enganados. Já no passado tivemos um governo socialista que levou o país à bancarrota… MAS NÃO CABE AO PRESIDENTE DA
REPÚBLICA EVITAR QUE O GOVERNO LEVE O PAÍS À BANCARROTA? Temos de dar tempo e espaço ao governo para poder desenvolver as suas políticas. AINDA HÁ ESPAÇO PARA PASSOS COELHO NA POLÍTICA?
Claramente que sim. O dr. Passos Coelho tem todas as condições para continuar a ajudar Portugal, quer na oposição quer no governo. NÃO É PRECISO RENOVAR? Passos Coelho tem todas as condições
para promover, no próximo congresso, uma profunda renovação na direção do partido. A NÍVEL DA DIREÇÃO, É NECESSÁRIA ESSA RENOVAÇÃO? É, porque o partido teve esta liderança no momento em que
era governo e vai ter um próximo mandato na oposição. É uma diferença substancial. O PSD tem um conjunto de pessoas mais jovens que já demonstraram ser competentes. PODE VOLTAR A SER
PRIMEIRO–MINISTRO? Não tenho dúvidas sobre isso. O dr. Passos Coelho tem tido uma posição de um verdadeiro estadista na defesa dos interesses de Portugal. Tenha ele vontade e o povo,
certamente, voltará a dar-lhe a vitória em próximas eleições.