Ps. Belém atira a costa, que assobia para o lado

Ps. Belém atira a costa, que assobia para o lado

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Mais uma derrota para o PS. Manuel Alegre, Alberto Martins e Vera Jardim muito duros com a direção de Costa O PS teve mais uma derrota eleitoral em eleições presidenciais (a terceira seguida


em quinze anos) e o jogo das culpas começou mal encerraram as urnas de votos. Na sede de Maria de Belém, Vera Jardim apontou as armas à falta de neutralidade da direção de António Costa.


Dentro da campanha de Maria de Belém também já começaram a ouvir-se, ainda em surdina, críticas que prenunciam um ajuste de contas interno em breve. O comício de encerramento da campanha de


Maria de Belém, em Lisboa, que deixou a FIL às moscas – apesar de Marcos Perestrelo o líder da distrital ser um apoiante de Belém, está a dar que falar. E os seguristas, que foram


desaparecendo ao longo dos quinze dias na estrada, ressentem-se de terem sido tratados como parentes pobres da família socialista. Na sede de campanha, ontem à noite, só João Proença


mostrava a cara nas primeiras filas. Enquanto isso, no Largo do Rato, a direção do PS assobiava para o lado, com o resultado da divisão de candidatos na área socialista, que dera ao


candidato da direita, Marcelo Rebelo de Sousa a vitória à primeira volta. Ana Catarina Mendes, primeiro, António Costa, depois, preferiram virar-se para Marcelo, o vencedor. O


primeiro-ministro e secretário-geral do PS assumiu com o próximo Presidente da República um “compromisso de máxima lealdade e plena cooperação institucional”. Enviou os seus “votos sinceros


de felicidade” a Marcelo e apenas lamentou “o valor muito elevado” da abstenção. Mas logo se congratulou que “ao contrário do que vem acontecendo nos outros países europeus”, os portugueses


tenham rejeitado os “candidatos populistas e antisistema”. Sem mea culpa, na divisão do  PS. NÓVOA E BELÉM DE PARABÉNS Ana Catarina Mendes não ignorou os candidatos que foram apoiados por


dirigentes socialistas. Mas não o fez para tirar ilações da derrota. A secretária-geral adjunta preferiu enviar mensagens de reconhecimento a Sampaio da Nóvoa e a Belém “pelo combate que


travaram com determinação, em circunstâncias particularmente difíceis”. O PS não evitará porém uma discussão interna – na próxima comissão política – sobre os culpados da derrota nas


presidenciais. As declarações de Vera Jardim, porta-voz de Maria de Belém, e de Alberto Martins, membro da comissão política da socialista, já deram o pontapé de saída. Vera Jardim, o


primeiro a falar na noite socialista, encontrou as razões da derrota de Maria de Belém no “populismo demagógico” da campanha e na “tomada de posição pública” de dirigentes e governantes do


PS a favor de Sampaio da Nóvoa. “Não se pode ignorar também que a tomada de posição pública de muitos dos principais dirigentes do partidos socialista e de membros do governo foi


interpretada como sendo a posição oficiosa do PS ao arrepio da decisão da comissão política do partido”, disse Vera Jardim. Alberto Martins, em diversas declarações aos jornalistas, ao longo


da curta noite eleitoral na sede de Maria de Belém (apenas uma hora entre o fecho das urnas e o esvaziar da sala, após o discurso de derrota da candidata)  vincou sempre que tinha havido


uma derrota do PS. “O PS tem de refletir por ter sido derrotado nestas eleições”, disse à saída da sede, numa altura em que todos os notáveis que tinham estado no sala acanhada se dirigiam


para a porta. “O PS e a esquerda em geral foram derrotados nestas eleições e deve fazer uma análise crítica das consequências disso”, repetiria. Outra figura notável do núcleo de Belém, o


antigo candidato presidencial Manuel Alegre, também pedia reflexão para a noite eleitoral do PS e não só. “Não vale a pena estar com habilidades. Isto é uma derrota da esquerda toda”, dizia


aos jornalistas. Também criticou a “tentativa de assassinato de caráter” de Maria de Belém, no caso das subvenções, sobretudo. Já Vera Jardim optou por falar pela positiva na “campanha com


dignidade de Belém”. E Marçal Grilo acusou de “miserabilista” o tom da campanha. Na troca surda de acusações dentro do núcleo de Maria de Belém, houve quem, preferindo não dar a cara,


apontar o dedo acusador a “falta de profissionalismo” e a “excesso de confiança” que levaram ao humilhante comício de Lisboa. Também houve quer reagisse com alívio, como um assessor que,


sorrindo, à saída, anunciou que ainda “ia ver lojas para um centro comercial”. E festejar o fim de uma campanha penosa. para o PS.