Israel: novo governo tem primeiro desafio com a Marcha das Bandeiras

Israel: novo governo tem primeiro desafio com a Marcha das Bandeiras


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Jerusalém – Com um sistema político parlamentarista, o novo governo de Israel conseguiu um feito inédito para pôr fim aos 12 anos ininterruptos de Benjamin Netanyahu no poder: unir partidos


da direita ultranacionalista, centro, esquerda e islâmico.


Mas a nova administração, comandada pelo primeiro-ministro Naftali Bennett, mal se apresentou e já enfrenta o seu primeiro grande desafio: a Marcha das Bandeiras, que está sendo realizada


nesta terça-feira (15/6) em Jerusalém.


O desfile ocorreria no dia 10 de maio, mas foi reprogramado depois que o evento foi interrompido por foguetes do Hamas em direção à cidade.


Na passeata, cidadãos israelenses celebram a vitória na Guerra dos Seis Dias, em 1967, quando Israel recuperou o controle total sobre a Cidade Sagrada. Os manifestantes aproveitam a ocasião


para reafirmar que Jerusalém é a eterna capital de Israel. Claro, a reivindicação enfurece os árabes, que consideram o ato uma provocação.


Para evitar atritos, a polícia israelense proibiu os manifestantes de entrarem na Cidade Velha pelo Portão de Damasco, como nos anos anteriores, uma vez que a mesquita Al-Aqsa, a terceira


mais sagrada para o Islã, fica bem perto deste local.


Mesmo assim, os israelenses têm a possibilidade de acessar o local por intermédio de uma outra entrada, o portão de Jaffa, e passar pelo bairro muçulmano, antes de chegarem ao Muro das


Lamentações, o que eleva para níveis alarmantes a possibilidade de haver conflitos.


Segundo a analista política Rajel Leghziel, a Guerra dos Seis Dias iniciou o problema entre judeus e palestinos por conta da ocupação militar de muitas regiões, como da Judéia, Sumária,


Faixa de Gaza, Jerusalém Oriental e das Colinas de Golã.


“Nos últimos anos, esse evento se transformou em algo muito político e problemático em termos de relações entre os judeus e os árabes muçulmanos vivendo em Jerusalém e esse será, sem dúvida,


um grande desafio para a nova gestão “, avalia a especialista.


A manutenção do evento, que havia sido aprovado pelo governo Netanyahu, foi confirmada pelo novo ministro da Segurança Pública, Omer Barlev. À imprensa local, ele disse que é importante


manifestar e realizar marchas dentro de um regime democrático, desde que sigam a lei, e garantiu que haverá pelo menos 2.000 policiais protegendo os manifestantes.


Por outro lado, na noite de segunda-feira, um porta-voz do Hamas fez ameaças dizendo que a Marcha das Bandeiras poderia desencadear uma nova rodada de conflitos e pediu a todos os árabes


israelenses e residentes de Jerusalém Oriental confrontarem os participantes. Nesta terça, alguns balões incendiários lançados da Faixa de Gaza causaram incêndios no sul de Israel.


A analista Rajel Leghziel, acredita que, mesmo com ideologias tão opostas, este novo governo tenha potencial para perdurar, ainda que não por muitos anos, uma vez que existem líderes fortes


que se esforçaram para chegar àquela posição e querem ter o poder influenciar em decisões importantes.


“É apenas uma questão de negociação. Eles terão que negociar o tempo todo. Mas eu recomendaria a eles que começassem cuidando de problemas gerais, como a situação econômica, e não só de


problemas como a segurança. Por exemplo, nós temos que cuidar do orçamento. Nos últimos dois anos, o governo não foi capaz de aprová-lo e essa é uma da razões pelas quais a gestão passada


falhou e tivemos de ter eleições de novo”, avalia.


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