"mulher, vítima de um ataque brutal, e passarem em 'loop' na televisão"


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"Hoje uma televisão, em canal aberto ao fim da manhã, passou imagens em 'loop' de uma mulher a ser barbaramente atacada por um homem num parque de estacionamento." Foi


assim que começou a publicação de Rita Ferro Rodrigues, referindo-se à mulher que foi esfaqueada no parque de estacionamento do Estádio José Alvalade, em Lisboa.  "Uma mulher, vítima de


um ataque brutal, não sabemos se sobreviverá (sobrevive-se a isto?) e as imagens desta violência a passarem em 'loop' na sua televisão nacional, com hienas a comentarem por cima,


hienas famintas e cheias de opiniões", explicou ainda. "Eu era criança e ligava a televisão. Eu era familiar daquela mulher e ligava a televisão, eu era aquela mulher e ligava a


televisão. Eu era aquela mulher e ligava a televisão e, mais uma vez, agredida, desrespeitada, atacada, utilizada, comercializada, por audiências e por dinheiro", lamentou.  "Eu


era também aquela mulher que fez um aborto e que se vê julgada em horário nobre. Eu era aquela mulher que 'se pôs a jeito' porque marcou um encontro no Tinder, porque entrou num


carro, porque bebeu demais, porque usou uma mini saia e estava mesmo a pedi-las", continuou, referindo-se a outros casos comentados no programa, destacando sobretudo um comentário


polémico de Cristina Ferreira.  Cristina Ferreira reage a polémica após o seu comentário sobre o caso de uma mulher que foi encontrada já sem vida em Aveiro. Notícias ao Minuto | 09:15 -


03/06/2025 "Somos todas aquela mulher: a que está no hospital a lutar pela vida, silenciada por facas machistas, sem saber que de manhã, numa televisão nacional, a sua inominável


tragédia está a dar em 'repeat', o seu terror a alimentar a guerra de audiências e o 'clickbait', num festival de despudorada falta de empatia, e decência mínimas",


acrescentou.  "Somos todas aquela mulher e queremos que saibam que sabemos quem são vocês, os/as que tomam decisões , as/os que compram o 'anúncio', os/as que gritam nas


régies ('mete essa merda em 'loop' que vende'), as/ os que compram os batidos, os/ as que ficam em cima da ponte a ver para onde dá , as/os que não se comprometem, os/as


que se calam que nem ratos, à espera que passe", escreveu.  "Estamos a ver-vos e sabemos exatamente quem são. E não perdoaremos. Não perdoaremos os agressores, não perdoaremos


os/as cúmplices, não perdoaremos os/ as cobardes, não perdoaremos os/ as hipócritas. Temos o poder de decidir o vosso poder. Podemos fazer assim: 1) não clicar; 2) não sintonizar; 3) fazer


'unfollow'; 4) não comprar; 5) não nomear; 6) não partilhar; 7) e não lhes dar descanso; 8) e lutar por nós e pelas que não têm voz. Até já e ninguém larga a mão de ninguém",


rematou.  >  Leia Também: Racismo. "Estes cobardolas criminosos não representam o povo português"