Argélia critica apoio de londres ao plano marroquino para sara ocidental

Argélia critica apoio de londres ao plano marroquino para sara ocidental


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"A Argélia lamenta a decisão do Reino Unido [anunciada este domingo] de apoiar o plano de autonomia marroquino. Nos seus 18 anos de existência, este plano nunca foi apresentado aos


sarauís como base de negociação", afirmou o ministério argelino dos Negócios Estrangeiros (MNE), num comunicado publicado na rede social X. Argel instou Londres a fazer uso do estatuto


de membro permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas e a que continue a "exigir que Marrocos cumpra as suas responsabilidades internacionais e (...) assegure o respeito pelo


direito internacional e, em particular, pela doutrina das Nações Unidas sobre a descolonização". Argel considera que a iniciativa do país vizinho "nunca foi pensada para servir de


base à resolução política do conflito" e acusa Rabat de ter como estratégia "ocupar o espaço para impedir qualquer procura de uma solução séria, (...) ganhar tempo e habituar


gradual e progressivamente a comunidade internacional ao facto consumado da ocupação ilegal do Sara Ocidental". A reação de Argel surge após o chefe da diplomacia britânica, David Lamy,


ter manifestado no domingo o seu apoio ao plano de autonomia marroquino para o Sara Ocidental - considerando-o "a base mais credível, viável e pragmática para resolver o


diferendo" sobre o território -, ainda que a diplomacia argelina reconheça que o ministro britânico "reafirmou pública e solenemente o empenhamento do Reino Unido no princípio do


direito à autodeterminação". A declaração, assinada em Rabat por Lammy e o seu homólogo marroquino, Nasser Bourita, indica que "o Reino Unido segue de perto a atual dinâmica


positiva empreendida a este respeito sob a liderança de Sua Majestade o rei Mohammed VI". Além disso, Londres "reconhece a importância da questão do Sara" para Marrocos,


porque a sua resolução "reforçaria a estabilidade no Norte de África e relançaria a dinâmica bilateral e a integração regional". O texto sublinha que a UK Export Finance, a agência


britânica de apoio às empresas estrangeiras, "pode considerar a possibilidade de apoiar projetos no Sara", nomeadamente no quadro do "compromisso da UK Export Finance de


mobilizar 5 mil milhões de libras (quase 6 mil milhões de euros) para apoiar novos projetos económicos em todo o país". Os dois países -- Reino Unido e Marrocos -- manifestaram o apoio


e consideraram "vital o papel central no processo conduzido pela ONU" e reafirmaram "o total apoio aos esforços do Enviado Pessoal do Secretário-Geral da ONU, Staffan de


Mistura" ao Sara Ocidental. O documento sublinha que o Reino Unido é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU e que "partilha a opinião de Marrocos sobre a necessidade


urgente de encontrar uma solução para este prolongado diferendo, que é do interesse das partes". A antiga colónia espanhola do Sara Ocidental foi ocupada por Marrocos em 1975, apesar da


resistência da Frente Polisário, com a qual esteve em guerra até 1991, ano em que as partes assinaram um cessar-fogo com vista à realização de um referendo sobre a autodeterminação. As


divergências sobre a forma de efetuar o recenseamento e de incluir ou não os colonos marroquinos têm impedido até agora a realização do referendo. O último revés para os sarauís foi o apoio


dos governos espanhol e francês ao plano de autonomia marroquino, uma mudança de posição descrita como uma traição pela Polisário, que recordou a Madrid que a Espanha continua a ser a


potência administrante "de jure" do Sara Ocidental. Os Estados Unidos não só apoiam o plano de autonomia marroquino, como em 2020 Donald Trump assinou o reconhecimento da soberania


marroquina sobre o território em disputa. Leia Também: Escritor Boualem Sansal distinguido em França. Está detido em Argel