
Centenas de pessoas manifestam-se em lisboa pelo fim da guerra em gaza
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A manifestação, com o mote "Solidariedade com a Palestina -- Fim ao Genocídio", teve início às 18:00 e foi coorganizada pelo Movimento pelos Direitos do Povo Palestino e pela Paz
no Médio Oriente (MPPM), Organização conjunta do Conselho Português para a Paz e Cooperação (CPPC), Projecto Ruído -- Associação Juvenil e pela CGTP. No protesto estiveram presentes o
secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, e a coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, entre as centenas de manifestantes que empunhavam bandeiras da Palestina e cartazes com
mensagens de apelo ao fim da guerra. Desde que Israel rompeu o cessar-fogo com o movimento islamita palestiniano Hamas, em 18 de março, 4.210 habitantes de Gaza do território foram mortos,
de acordo com dados do Ministério da Saúde do enclave palestiniano. Na madrugada de terça-feira, um ataque israelita ter morto pelo menos 27 palestinianos, deixando outros 157 feridos, de
acordo com o Comité Internacional da Cruz Vermelha (CICV), que gere um hospital de campanha em Rafah. Também hoje o exército israelita confirmou que a Fundação Humanitária de Gaza (GHF), o
grupo apoiado por Israel e pelos Estados Unidos que distribui alimentos no enclave, não ia abrir os seus centros de distribuição, com a organização a anunciar que os centros vão permanecer
fechados para reforma e melhorias de eficiência, e que as operações devem ser retomadas na quinta-feira. Presente na manifestação, o secretário-geral da CGTP, Tiago Oliveira, questionou o
porquê de Portugal não reconhecer o Estado da Palestina, principalmente depois do ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, ter afirmado em 25 de maio depois de uma reunião com o
primeiro ministro palestiniano Mohammad Mustafa que "a melhor solução a ser encontrada era a solução dos Estados". "Nós temos que olhar e trilhar o nosso caminho de forma
independente e soberana, temos que olhar para aquilo que está acontecendo na Palestina, porque não há palavras que consigam descrever aquilo que é o sofrimento de um povo que diariamente
está sujeito a atrocidades", acrescentou o líder da CGTP, adiantando ainda que "estamos perante um Governo que já demonstrou por diversas vezes que não é independente das tomadas
de posições que toma relativamente a políticas geoestratégicas, a políticas nomeadamente impostas pela União Europeia". Ao som de tambores e a entoar uma canção com a melodia da música
Bella Ciao, uma música italiana de resistência à ocupação nazi durante a Segunda Guerra Mundial, os manifestantes alteraram a letra que agora incluía palavras de ordem que pediam uma
"Palestina livre" e alertavam para um "cessar-fogo por cumprir". "Em cada cidade, em cada esquina, somos todos Palestina", gritavam em uníssono os
manifestantes. Quando se silenciavam os tambores ouviam-se apelos de centenas para "libertar a Palestina" e "acabar com a chacina". Para Gonçalo Paixão, que empunhava uma
bandeira da Palestina, o Governo português devia "desde logo, reconhecer o Estado da Palestina e ser um motor ativo da solidariedade". Já Dulce Patrício vincou que o que a trouxe
à manifestação foi o facto do povo palestiniano estar a ser "chacinado" e defende que está a acontecer em Gaza "o mesmo que aconteceu com o povo judeu na Segunda Guerra
Mundial". "Infelizmente o nosso Governo, em relação a isso, acho que só quando, em especial sendo um governo de direita, só quando todos os países estiverem a favor é que eles
possivelmente irão atrás", acrescentou a manifestante. [Notícia atualizada às 21h17] Leia Também: Centros de ajuda em Gaza apoiados pelos EUA fechados temporariamente