
Motorista da carris queimado sentia "alívio", mas suspeitos estão cá fora
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Todos os suspeitos detidos por serem suspeitos de incendiarem um autocarro nos tumultos após a morte de Odair Moniz, deixando um motorista da Carris em estado grave, estão já em liberdade -
o último deixou a prisão no passado mês de maio. De realçar que foi hoje conhecido que o Ministério Público, que mantém o caso em segredo de justiça e em investigação, pediu a libertação
de dois dos detidos em prisão preventiva, o que se efetivou. Segundo informou à Lusa a comarca de Lisboa Norte, os dois suspeitos que se encontravam detidos cessaram a prisão preventiva num
caso a 18 de março e noutro a 26 de maio, tendo um dos arguidos ficado sujeito a termo de identidade e residência (TIR) e proibição de contactos com os restantes arguidos e o outro apenas
sujeito a TIR. "Os arguidos foram restituídos à liberdade pelo juiz de instrução, na sequência de promoção do Ministério Público" (MP), adiantou a comarca de Lisboa Norte, sobre o
fim da medida de coação de prisão preventiva, como noticiou hoje o Expresso. Já a Procuradoria-Geral da República (PGR), questionada sobre os motivos que levaram ao pedido de libertação pelo
MP adiantou apenas que o inquérito se encontra em investigação, "sujeito a segredo de justiça" e "não tem arguidos presos". Os dois arguidos libertados estavam em prisão
preventiva desde 28 de novembro, tendo um terceiro detido pelos mesmos indícios sido libertado nessa altura pelo juiz de instrução do Tribunal de Loures, após o MP o ter constituído arguido
apenas por suspeitas de tráfico de droga. Os dois jovens estavam indiciados pelos crimes de homicídio qualificado na forma tentada, incêndio e dano. O que está em causa? Recorde o caso Os
homens foram detidos por suspeita de provocarem o incêndio num autocarro em Santo António do Cavaleiros, Loures, que em outubro de 2024 feriu gravemente o motorista, deixando-o com sequelas
permanentes. O grupo de suspeitos terá atirado um cocktail molotov para a janela do autocarro, deixando o condutor, que só teve alta hospitalar em novembro, com queimaduras graves na face,
tórax e membros superiores. O incidente ocorreu no decurso dos motins que se seguiram à morte de Odair Moniz. Na altura, Tiago, como foi identificado, mostrou-se "satisfeito" pelo
facto de dois dos detidos pelo ataque terem ficado em prisão preventiva. "Satisfeito e aliviado", afirmou à CNN Portugal, em reação à notícia. "Não consigo encontrar outra
forma de os punir senão deixá-los atrás das grades", acrescentou. Dois dos três detidos por suspeita de provocarem o incêndio num autocarro em Santo António do Cavaleiros, Loures, que
em outubro feriu gravemente o motorista, ficaram em prisão preventiva. Notícias ao Minuto com Lusa | 19:43 - 28/11/2024 "Foi o pior momento da minha vida, garantidamente. Vi a minha
vida a fugir" Além disso, numa outra entrevista à TVI, recordou a noite do ataque e afirmou que ainda pediu para que o deixassem sair do autocarro, mas os atacantes não deixaram.
"Começam a enviar cocktails molotov para cima de mim. Sinto logo que fica um cheiro de combustível. Foi só um indivíduo dar faísca e eu começo a pegar fogo. A chama foi toda ao meu
encontro. (…) Porque é que não me deixaram sair e pegavam fogo ao autocarro? Eu pedi para me deixarem sair", questionou. Antes de fugir do autocarro, o motorista só teve tempo de pegar
no telemóvel "com a mão esquerda, que estava a arder". Já na rua, começou a correr e a gritar por uma ambulância, enquanto apagava o fogo "da cara e da cabeça com a mão
direita". "Tanto que olho para a mão e a pele, literalmente, saiu toda. Ficou em carne viva", recordou o homem. Quando as equipas de emergência chegaram, o motorista estava
numa rua sem saída, sozinho, e a ambulância não conseguia chegar até ao local. "Então tive de andar o trajeto todo até à ambulância, uns 150 metros a subir, a cambalear. Chego à
ambulância já mais para lá do que para cá. Induzem-me logo em coma e aí apago. A partir daí só acordo uma semana depois", lembrou. Na altura, sabia que o trauma ficaria "para a
vida". "Não faço mal a ninguém. Tenho o meu pai com Alzheimer, ajudo sempre o próximo e aconteceu-me a mim, não sei porquê. Estava no dia errado à hora errada", afirmou a
vítima. "Olho para as minhas mãos e não gosto, não tenho paciência porque é uma recuperação lenta. Tenho muitas dores, tanto com frio como com sol. Marcaram-me sem motivo
aparente", desabafou. Questionado sobre se algum dia conseguirá perdoar, o homem afirmou que "não aceitaria um pedido de desculpas". "Isto não se faz a ninguém. Ainda por
cima a uma pessoa que está a trabalhar, a fazer o seu trabalho. Isto não tem desculpa. Foi o pior momento da minha vida, garantidamente. Vi a minha vida a fugir. Tive o instinto de
sobrevivência. Hoje pergunto-me como consegui", rematou. O funcionário da Carris queimado na noite dos desacatos após a morte de Odair Moniz recordou o ataque e garantiu que pediu aos
autores para o deixarem sair do autocarro antes de lhe pegarem fogo, "mas não deixaram". Notícias ao Minuto | 22:29 - 27/11/2024 Durante várias noites registaram-se tumultos em
vários bairros da Grande Lisboa após a morte do cidadão cabo-verdiano Odair Moniz, de 43 anos e morador no Bairro do Zambujal, na Amadora, ter sido baleado por um agente da PSP na madrugada
de 21 de outubro, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, tendo morrido pouco depois. Durante os tumultos foram incendiados mais autocarros, dezenas de automóveis e contentores do
lixo, mas o ataque que deixou em estado grave o motorista é o mais grave em investigação. Em maio, a PGR confirmou que os inquéritos abertos aos tumultos tinham, até ao momento, dado origem
a cinco acusações, sem precisar a que casos se referiam. Leia Também: Morte de Odair? MP pediu libertação de suspeitos de incendiar autocarro