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Patriarcas das famílias garotinho e bacellar transformam briga política de campos em barraco nas redes
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COM BRIGA POLÍTICA, CIDADE AINDA NÃO TEM ORÇAMENTO NESTE ANO, O QUE PODE IMPEDIR PAGAMENTOS DE SERVIDORES E FORNECEDORES As brigas entre o ex-governador Anthony Garotinho e o ex-presidente
da Câmara de Campos dos Goytacazes Marcos Bacellar começou ainda no século passado. Décadas depois, seus filhos se tornaram protagonistas da política local e fluminense e os patriarcas
deixaram eles deixaram cargos públicos. Mas, em um novo capítulo da rixa entre as duas famílias, que "trava" a cidade, os patriarcas voltaram aos holofotes usando as redes sociais
para se atacarem e defenderem os filhos. As provocações aumentaram entre Anthony e Bacellar com trocas de xingamentos capacitistas e homofóbicos. * DÉFICIT DE R$8,5 BILHÕES: Castro diz que
Rio terá 'ano duro' no orçamento * EM BELFORD ROXO: Disputa dos ex-aliados Waguinho e Canella afeta serviços da cidade O prefeito de Campos, maior cidade do interior do Rio, é
Wladimir Barros Assed Matheus, filho do ex-governadores Antony Garotinho e Rosinha Matheus. O presidente da Câmara de Vereadores é Marcos da Silva Bacellar, irmão do presidente da Assembleia
Legislativa do Rio (Alerj) Rodrigo Bacellar e filho de Marcos Bacellar. A briga pelo orçamento de R$ 3 bilhões do maior município do interior do Rio, com quase 500 mil habitantes, já tem
cunho eleitoral visando as eleições de 2024. Wladimir foi eleito prefeito em 2020 e deve concorrer à reeleição. Ele teve o controle da Câmara nos primeiros anos de mandato. Em 2022, houve
outra grande briga. Marquinho foi eleito presidente do legislativo, mas o pleito judicializado e anulado. Depois, o grupo ligado ao prefeito tentou cassar o mandato de colegas da oposição,
aumentando a tensão entre os dois lados: “chegamos aos extremos”, admite Marquinho. No fim daquele ano, o governador Cláudio Castro, aliado de Garotinho e Bacellar, interviu. Um acordo de
paz foi costurado entre as duas famílias, com a promessa que Marquinho assumiria a presidência sob as bençãos do irmão. Ele foi eleito com 14 votos favoráveis e 10 abstenções. A despeito da
intervenção do governador, Anthony era contra o pacto contra o grupo rival e chegou a se distanciar do filho por causa do tratado. As rusgas com a outra família era tamanha que ele, Rosinha
e Clarissa Garotinho se desfiliaram do União Brasil após o anúncio de que Rodrigo Bacellar seria o presidente da legenda no Rio. O ROMPIMENTO A pacificação foi a regra durante o primeiro
semestre do ano passado. E o motivo do rompimento foi outra lei orçamentária: a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Com a maioria da Câmara, Marquinho teria combinado uma votação surpresa
para “engessar” a prefeitura: — Eles armaram uma votação de um dia para o outro. Impuseram uma derrota ao governo me dando 0% de remanejamento, quando o combinado era 20% — afirma Wladimir
Garotinho. Os grupos romperam e o presidente da Câmara perdeu apoio na Casa. Marquinho Bacellar acusa o prefeito de aliciar antigos aliados com cargos no município: — No processo ele cooptou
vereadores com o aumento de trabalhadores autônomos. Agora a maioria na Casa é do grupo Garotinho, com 16 vereadores contra 9 da oposição — explica o presidente. O prefeito admite que
trabalhou para aumentar sua base na Câmara, mas nega que tenha sido com o oferecimento de posições no município. — Isso faz parte da política. Alguns vereadores solicitaram à prefeitura as
melhorias nas suas bases eleitorais e fiz o compromisso de realizar — defende-se Wladimir. ORÇAMENTO DE R$ 3 BI Até esta quinta-feira, 11 de janeiro, Campos ainda não tem uma Lei
Orçamentária Anual (LOA), que precisa ser votada pelos vereadores. Sem ela, a prefeitura não consegue realizar pagamentos, apesar de ter dinheiro em caixa. Geralmente a LOA é a última
matéria votada pelos legislativos, mas isso não ocorreu no município. Quem escolhe o que vai à votação do plenário é o presidente da Câmara, Marquinho Bacellar (Solidariedade). A prefeitura
estima que tenha R$ 220 milhões de pagamentos para serem realizados só em janeiro. Mas, a Câmara não deve votar a LOA antes de fevereiro, o que pode causar atraso no pagamento de servidores
e compra de insumos. Ao GLOBO, Marquinho Bacellar negou que travar a votação da lei impeça que o município arque com seus compromissos. Ele defende que outra lei, a Lei de Diretrizes
Orçamentárias (LDO), votada em junho passado, permite que sejam usados 1/12 do orçamento (duodécimos) enquanto a LOA não é sancionada. — Para toda cidade é importante ter uma Câmara
independente. Nós defendemos que a LOA tenha reajuste para o servidor e bolsa universitária, por exemplo. Não podemos pautar uma lei que prevê R$ 700 para o saneamento básico. Na próxima
semana teremos mais quatro Audiências Públicas para discutir a LOA e a última está marcada para fevereiro — diz o presidente da Câmara. Wladimir Garotinho (PSD), prefeito de Campos, rebate
Bacellar e critica o vereador dizendo ser responsabilidade dos parlamentares em emendar e modificar a LOA como acharem melhor. Nesta semana ele declarou Calamidade Financeira no município e
aguarda uma decisão da Justiça sobre o tema: 16 vereadores aliados entraram com um pedido de liminar para o judiciário obrigar a Câmara pautar a lei ou permitir pagamentos sem a LOA
sancionada. — Eles estão se recusando a colocar em votação e fazer o debate. A tentativa ali é política para inviabilizar o governo. No entendimento do corpo jurídico da prefeitura, não é
caso de usar os duodécimos porque eles só poderiam ser utilizados no intervalo entre aprovação e sanção da lei. Mas nem votada ainda foi. Estamos num limbo jurídico: como eu não posso
realizar novo empenho, nem fazer nova compra, vão faltar gases medicinais porque o contrato está vigente somente até 16 de janeiro, por exemplo — diz Wladimir Garotinho.