
42% das plantas em floresta amazônica são usadas por comunidades tradicionais
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Um estudo de pesquisadores do Instituto Tecnológico Vale (ITV), com foco na Floresta Nacional de Carajás, no Pará, apontou que as comunidades tradicionais possuem de um a quatro usos
diversos para 42% das plantas. A produção foi compartilhada nesta sexta-feira, 30, no periódico científico _Ecosystem Services_. SOBRE O ASSUNTO É + que streaming. É arte, cultura e
história. + filmes, séries e documentários + reportagens interativas + colunistas exclusivos Assine agora A pesquisa, intitulada_ 'Measuring the Natural Capital of Amazonian forests: a
case study of the National Forest of Carajás, Brazil’_, propõe ir além dos valores monetários e mensurar o capital natural da floresta, também destaca que 83% das espécies são necessárias
para a garantia do funcionamento do ecossistema sem perdas. Já a diversidade funcional, depende de 60% de espécies não substituíveis. “Especialmente as comunidades tradicionais têm estreita
relação de dependência com as florestas”, afirma Tereza Cristina Giannini, pesquisadora do ITV e coautora do artigo. Onde nascem os problemas nos licenciamentos ambientais do Ceará | VEJA
REPORTAGEM “Comunidades rurais e pequenos agricultores têm também necessidade de provisão de água, regulação do clima, conforto térmico, e dependem de espécies benéficas como abelhas, aves e
morcegos, que fazem polinização e que fazem controle de pragas – tudo isso ajuda na produção de alimentos e na saúde da lavoura”, completa. Nos cinco municípios analisados, são cultivadas
20 culturas, das quais 13 dependem de polinizadores animais. Três culturas (cacau, maracujá e melancia) apresentam um grau significativo de dependência de polinizadores, o que significa que
cerca de 95% da produção depende do serviço de polinização. Um rio, um pássaro e um kokoro: VEJA entrevista exclusiva com Ailton Krenak CONHEÇA A PESQUISA O artigo faz parte do projeto
“Capital Natural das Florestas de Carajás”, desenvolvido entre 2019 e 2023 pelo ITV. Os pesquisadores se basearam em coletas de campo em 14 pontos da floresta e dividiram as métricas em duas
categorias: “natureza para si mesma” e “natureza para as pessoas”. Giannini destaca que “o valor atribuído à natureza é multifacetário”, e o aspecto econômico seria apenas uma dessas
facetas. “O valor monetário é importante em muitos contextos, e os primeiros trabalhos globais que fizeram esses cálculos causaram grande impacto por mostrarem claramente as muitas relações
da natureza com a economia”, explica. Por outro lado, trabalhos mais recentes discutem que o valor depende fortemente do contexto, e “portanto, da percepção e das experiências das pessoas,
que atribuirão valor à natureza diferentemente". Chuva de veneno: o uso de drones na pulverização de agrotóxicos e uma população à deriva | VEJA REPORTAGEM “Por exemplo, um ribeirinho,
que vive às margens dos rios na Amazônia, muito provavelmente atribuirá um valor diferente para a natureza quando comparado com alguém que mora em uma cidade grande, exatamente por causa de
suas experiências e contexto de vida”, diz a pesquisadora. Considerando as discussões sobre o valor da natureza, o artigo “apresenta exemplos que são de fácil compreensão pelo público não
especialista”. “Por isso falamos sobre o quanto a floresta protege a água e o clima; o quanto a floresta oferece árvores que são utilizadas de múltiplas formas pelas comunidades
tradicionais; e assim por diante. Não é necessário obrigatoriamente monetizar para que o valor da natureza fique claro”, esclarece.