Previdência ou capitalização: o caso dos eua

Previdência ou capitalização: o caso dos eua


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Há anos defendo uma mudança no sistema de Previdência norte-americano para um programa de capitalização, sem a cobrança de impostos e sem os gastos do governo. Quanto àqueles por aí que


acham que a Previdência é uma espécie de pensão na qual você investe durante anos, esqueça! Os aposentados atuais recebem dinheiro de impostos pagos por aqueles que trabalham atualmente. É


um programa governamental de cobrança de impostos e de gastos. O problema é que, como os norte-americanos estão vivendo mais (uma boa notícia), mas têm cada vez menos filhos (uma má


notícia), a quantidade de trabalhadores norte-americanos em relação aos aposentados continua diminuindo. A única forma de manter o sistema funcionando é aumentando os impostos ou cortando os


benefícios à medida que a proporção trabalhador/aposentado insiste em diminuir. O Dia D, na verdade o ano em que se prevê que o sistema como um todo deve entrar em colapso, de acordo com os


administradores da Previdência norte-americana, é 2034 – daqui a apenas quinze anos. A arrecadação projetada para aquele ano será responsável por apenas 79% da verba necessária para pagar


as aposentadorias. VEJA TAMBÉM: Para manter o equilíbrio financeiro serão necessários ou cortes de 21% nos benefícios ou um aumento de impostos de 27% – ou alguma outra combinação dessas


medidas. Mas o problema não é apenas de demografia ou aritmética. É um problema de princípios. Depois que o presidente Franklin D. Roosevelt transformou o sistema de Previdência Social em


lei, em 1935, seu caráter constitucional foi questionado. O caso Helvering vs. Davis, no qual a Suprema Corte considerou a Previdência constitucional, alterou o cenário norte-americano


quanto à nossa ideia do papel do governo. Antes disso, o Estado de bem-estar social que hoje faz parte de nossas vidas – e no qual o governo cobra impostos de um grupo de cidadãos e os


redistribuí para outro grupo – não era considerado algo que estivesse entre os poderes constitucionalmente garantidos do governo federal. O caso Helvering vs. Davis mudou tudo isso e abriu


as portas para qualquer programa federal que pudesse entrar na categoria “bem-estar social”. VEJA TAMBÉM: * O “Estado de bem-estar social” brasileiro não beneficia os mais pobres * O que os


progressistas esquecem: antes do Estado de bem-estar social, cuidávamos uns dos outros Antes, a maior parcela do gasto federal ia para a defesa. Hoje, a defesa responde por apenas 15% do


orçamento federal, sendo que a maior parte dos US$ 4,2 trilhões em gastos federais vai para programas de bem-estar social e direitos garantidos, programas que são os principais responsáveis


por nosso enorme déficit e dívida interna. Quando digo que a Previdência Social é um programa de direitos indevidos, invariavelmente recebo cartas indignadas de pessoas dizendo que pagaram


seus impostos ao longo de toda uma vida para poder receber este benefício. Cerca de 62 milhões de norte-americanos hoje recebem benefícios da Previdência. De acordo com uma pesquisa do


Instituto Gallup, 57% dos aposentados dizem que a Previdência é “a principal fonte” de renda deles. Mas nenhum dentre essas dezenas de milhões estão no sistema por escolha própria. O governo


os obriga a pagar. O governo determina qual será seu benefício. E o governo estabelece as condições sob as quais eles receberão aposentadoria. O governo já mudou as regras inúmeras vezes e


agora está prestes a mudá-las mais uma vez – se você permitir. Os norte-americanos abdicaram da dignidade moral e dos benefícios econômicos do sistema de capitalização a um tal ponto,


permitindo que o governo assumisse o controle de suas vidas, que isso tem prejudicado nosso país. VEJA TAMBÉM: * O princípio da subsidiariedade: menos Estado e mais cidadão Vários estudos


mostram que investir o equivalente aos impostos sobre a folha de pagamento numa conta pessoal destinada à aposentadoria durante uma vida profissional de 45 anos geraria retornos muito


maiores do que os da Previdência Social atual. Agora esses retornos estão prestes a piorar com as mudanças necessárias para reequilibrar o sistema. Igualmente importante, você vira dono da


sua conta. É sua riqueza pessoal que você controla, vê aumentar e pode legar a seus herdeiros. Isso é importante principalmente para norte-americanos de baixa renda, que não têm outra forma


de acumular riqueza e deixar uma herança. De acordo com uma pesquisa do Instituto Gallup, 36% dos afro-americanos, em comparação com 60% dos brancos, têm algum tipo de poupança. Levar a


cultura da capitalização aos norte-americanos de baixa renda pode ser algo transformador. Nada pode ser mais norte-americano do que reformar e substituir nosso sistema de Previdência falido


por um sistema de capitalização, poupança e acúmulo de riqueza. TRADUÇÃO DE PAULO POLZONOFF JR. ©2019 THE DAILY SIGNAL. PUBLICADO COM PERMISSÃO. ORIGINAL EM INGLÊS.