
Omc alerta para necessidade de aumentar impostos em áfrica
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"Na era pós-ajuda, temos, antes de mais, de levar a sério a mobilização dos nossos recursos internos. O aumento dos impostos faz parte do contrato social", afirmou, durante a
abertura do Forum Ibrahim, parte da conferência Ibrahim Governance Weekend, a decorrer em Marraquexe. O tema do evento é "Alavancar os recursos de África para colmatar o défice
financeiro" perante a redução da ajuda externa dos Estados Unidos e de países europeus. A economista nigeriana admitiu que a situação "é um desafio", enfatizando que, para que
a população aceite impostos mais elevados, os governos africanos têm de garantir a prestação de melhores serviços públicos. "Como antiga ministra das Finanças, sei-o bem. Mas não temos
escolha. Temos de melhorar a cobrança de impostos. Temos de combater os fluxos financeiros ilícitos e a corrupção", vincou. Okonjo-Iweala citou dados da ONU que estimam que o
continente africano perde anualmente cerca de 89 mil milhões de dólares (78 mil milhões de euros no câmbio atual) em fluxos financeiros ilícitos, nomeadamente a sobrefaturação das
exportações de matérias-primas. A diretora geral da OMC admitiu a necessidade de os países africanos colaborarem com os países europeus, árabes, EUA e outros para recuperar essas verbas e
investi-las na consolidação financeira e no desenvolvimento. "Aos próprios países que nos dão donativos, dizemos: recusem simplesmente os fluxos ilícitos e cooperem connosco para os
travar e devolver quaisquer recursos provenientes de bens adquiridos ilicitamente ou de recursos ocultos", afirmou. De acordo com o relatório "Financiar a África que queremos"
da Fundação Mo Ibrahim, em média as receitas fiscais dos países africanos são de 16% do Produto Interno Bruto (PIB), mas só 14 atingem o limiar de 15% considerado necessário para o
desenvolvimento sustentável. Uma maior taxação das empresas e da riqueza é considerada pelos autores do estudo como possibilidade para fazer subir as receitas fiscais em África. A
diretora-geral da OMC acredita também que África deve aproveitar o contexto de guerras comerciais em curso entre os Estados Unidos e outros países para reforçar o comércio interno no
continente e, ao mesmo tempo, procurar mercados de exportação noutras regiões no hemisfério sul. "As cadeias de abastecimento estão a diversificar-se à medida que as empresas procuram
reduzir os riscos e reforçar a resiliência. África pode e deve procurar atrair este tipo de investimento. Na OMC, estamos a trabalhar nesta matéria no âmbito de uma iniciativa de
reglobalização, procurando persuadir as cadeias de abastecimento a diversificarem-se em África", adiantou. A conferência IGW 2025 decorre até terça-feira, em Marraquexe. Políticos,
académicos e ativistas debatem como podem os países africanos mobilizar-se para acelerar o desenvolvimento social e económico num contexto internacional de declínio da ajuda externa. Leia
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